Campo Grande . Net

E se eu nunca tivesse saído de Campo Grande?
E se eu nunca tivesse deixado a minha razão dominar minha emoção quando Aquele ele me pediu para ficar?
E se eu tivesse escolhido não fazer e curso que fiz na faculdade?
E se eu tivesse terminado antes que resolvesse me casar?
E se eu tivesse tirado um ano sabático quando eu achei que precisava?
E se eu não tivesse voltado?
E se eu tivesse feito outras decisões, e se eu tivesse escolhido outra vida?

Eu fico torcendo para que os físicos tenham razão e que existam mundos paralelos com todas as infinitas possibilidades realizadas e que em algum mundo desse eu não pense tanto nos outros "e se".

Eu prefiro acreditar no mundo do meu jeito, e que qualquer que tenha sido o caminho, eu me convergiria para uma versão muito próxima do que sou. Mas, algumas pessoas me mostram que devemos ser gratos pelo que temos muito mais do que ressentir o que se passou. Muita gente me ensina que devemos aceitar e agradecer. No entanto, tem dias que essas possibilidades não cumpridas me assolam e me ressoam nos ouvidos.

Eu fico me perguntando o motivo de tanta dúvida, de tanta coisa que ficou mal resolvida em mim. E me pergunto se essas dúvidas não me seguram, me impedindo de ser mais feliz. Comparações são um mal que racionalmente não conseguimos evitar. Mas, de certo existe uma maneira melhor de comparar e não ter o sabor amargo da derrota/ressentimento.

Aquele ele da minha dúvida ali de cima um dia me disse que eu não deveria olhar para trás e me vangloriar do que conquistei. Mas eu também não quero ter os olhos apenas no futuro. Há que se olhar a beleza do presente, do meu plano de existência. Talvez eu tenha tomado caminhos errados, mas eles me trouxeram aqui. Se não posso me orgulhar do meu caminho, como me orgulhar do que sou? Não, eu tomei algumas boas decisões e gosto do que vejo, de todas as curvas e retas do meu caminho torto. Claro, muita coisa poderia ser melhor. Enquanto isso for uma verdade, há uma chance de mudar (e viver). Mas, e se fosse diferente, será que eu diria o mesmo?