O não feriado, folia às avessas, gafes e afins

por Misha Gibson, que gosta de confete

171 Todo Dia

Terça, 28 De Fevereiro De 2017 ás 10:03

O não feriado, folia às avessas, gafes e afins

O não feriado, folia às avessas, gafes e afins

Terça-feira de carnaval. E aí, todo mundo animado?

Quando mais nova, eu adorava carnaval. Já pulei carnaval até o dia raiar. Hoje, no entanto, nem a televisão eu liguei para ver desfiles. Acho que ter de trabalhar no carnaval ajuda a não querer saber de folia. Passei o fim de semana em casa, jogando joguinhos e lambendo a cria.

Fiquei triste que algumas coisas não abriram por causa do carnaval: algumas lanchonetes, a academia... Eu entendo, pra muita gente é feriado. 

Não é que eu não goste de brincar o carnaval. Adoro a animação, as cores, a serpentina e... ah... o confete. Adoro confete. Adoro o romantismo nostálgico do confete e serpentina, que eram (ainda são?) usados para chamar a atenção daquela pessoa especial. Além, é claro, de fazer uma folia gostosa. Além disso, adoro o som da palavra confete. E adoro também o significado que essa palavra tem para mim. Lá nos tempos de muito tempo atrás, eu decidi que confete seria fazer elogios ou falar alguma coisa boa, até gostosa de ouvir. Mas, enfim, voltando ao assunto... Gosto de brincar o carnaval, mas acho que estamos levando tudo muito a sério. Onde já se viu proibir marchinhas de carnaval?

Se for para falar sobre músicas com teor inapropriado, deveríamos rever todas as músicas infantis. Boi da cara preta? Se essa rua fosse minha? Atirei o pau no gato? Tá, essa última até tem adaptação para não ser cruel com os bichinhos.

Mas, quer saber? Cantar essas músicas fez de nós cruéis? Fez de nós preconceituosos? Fez de nós arrogantes? Acho que muito mais do que proibir músicas com teor inapropriado, vale ter atitudes diferentes. Eu deixei de brincar o carnaval quando o carnaval passou a ser só mar de latinhas de cerveja no chão, fumaça esquisita no salão e rapazes fazendo corredor polonês para forçar as meninas a darem beijos. Foi na mesma época em que o carnaval de rua passou a ser comercializado. Abadás, ingressos exorbitantes em clubes particulares e muito mais gente de fora do que dentro. A inocência do carnaval foi perdida para sempre.

Com o pequeno, vi uma esperança de ter um carnaval de folia renovada. Pensei que as matinês seriam divertidas, que a alegria das crianças seria um alento. Mas, descobri que o meu pequeno é muito nerd (ou seria muito tímido?) para brincar o carnaval. Então, não vejo de perto como é a folia de hoje. Mas, vejo com bons olhos a volta do carnaval de rua, dos bloquinhos carnavalescos, de reunir as pessoas para brincar. Carnaval deveria ser sempre romantizado, é o que eu acho. Independente da época que vivamos agora. Independente das drogas, da bebida e o que mais o homem invente para se tornar o diabo - todas essas coisas que nos fazem ser mais bestas do que humanos. Carnaval deveria ser culto a alegria e não ao corpo/piração/pegação.

Aí, como eu não fiz nada no carnaval, alguém pode pensar que eu assisti então à entrega do Oscar. Então, não. Não vi nada do Oscar também. Não tenho acompanhado os filmes concorrentes faz tempo. E, bem da verdade, é que eu tenho cada vez menos gostado de ver os discursos dos artistas. Essa coisa do politicamente correto me cansa. Aliás, essa coisa do politicamente qualquer coisa me cansa. Somos imperfeitos e pronto. E aí me parece que a academia quer remendar seus erros do passado em cada nova edição da premiação. Mas, vem cá... Você ouviu sobre a gafe na entrega? Gente, que situação mais chata. Tão chata quanto saber que a vontade de aparecer faz com que as escolas de samba esqueçam um pouco a segurança e ponham em risco sua gente.

Tá, para não falar que eu não vi nada interessante sobre o Oscar, eu vi o discurso da Viola Davis. O que foi aquilo? Aquilo foi O discurso. Só isso.

O mundo anda tão complicado, eu queria só poder aproveitar o carnaval sem dever nada a ninguém. Como deveria ser desde sempre, a premissa da folia, e deixar o resto para o começo do ano - depois do carnaval.


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