O que eu aprendi com um mês de aula de Muay Thai

por Misha Gibson, que ainda luta para deixar de ser sedentária

171 Todo Dia

Terça, 13 De Setembro De 2016 ás 06:00

O que eu aprendi com um mês de aula de Muay Thai

O que eu aprendi com um mês de aula de Muay Thai

Faz um mês que comecei minhas aulas de Muay Thai. Para quem nunca havia feito nenhum exercício físico, um mês é bastante coisa. E também não significa nada. Como sempre, o tempo é elástico, e sua resistência mora ao lado de quem o vê. Para mim, um mês de aula significa dor nos calcanhares, músculos que eu nem sabia que existiam doendo ou tremendo, alguns roxinhos e uma vontade de fazer melhor na próxima aula. Para quem vê, um mês não significa nada. Significa que eu ainda tenho muito, mas muito, mas muito a aprender e a conquistar.

Eu ainda não consigo fazer a parte da resistência física toda. Chega no meio da aula e já morri, quero sentar, tomar água e sair correndo. Mas, aí eu me lembro que os músculos vão doer mais se eu correr, então eu respiro e tento fazer mais um pouco. Nessa hora, os calcanhares parecem que despertam e começam a chorar copiosamente. A dor é tanta que as vezes pareço arrastar os pés como se eu tivesse um problema sério. Eu não tenho nada, a não ser a preguiça. Então eu tento focar no exercício, ou na respiração...

Quando chega no treino, eu sei, eu sei que dou o soco errado. Eu sei que é a perna direita, mas a esquerda resolveu levantar sozinha. Eu penso que na próxima não vou errar, mas eu não sei qual braço esquerdo é para bater primeiro. Bom, aí eu consigo fazer o exercício mal e porcamente. E aí é torcer para não cair.

Eu sempre acho que algum colega da minha aula vai rir de mim, ou vai se perguntar quando é que eu vou desistir, ou vai simplesmente me ignorar e tentar fingir que eu não fiz tudo errado.

E, no entanto, ninguém está ali para me julgar. Ninguém está ali para ouvir as minhas justificativas do porquê eu faltei no dia em que o pequeno foi suspenso. Ninguém vai rir das minhas dificuldades. Muito pelo contrário. Quando eu estou morrendo, alguém sempre me olha e diz: Vamos! Só falta mais um pouquinho!

Ou quando eu faço errado, tem sempre alguém para me ensinar: levante os braços! Bata com força! Vire as mãos! Gire o quadril! Posicione-se direito! Dobre os joelhos! E nunca, nunca é em tom de 'ai, de novo!' ou 'ai, ainda?!'. É sempre com o olhar de quem já passou por aquilo uma vez. É sempre com empatia.

O que eu aprendi em um mês de aula de Muay Thai, mesmo que aos trancos e barrancos é que eu não posso me comparar a ninguém. Eu tenho o meu próprio ritmo, eu tenho a minha concentração, eu tenho minha força de vontade e preciso prosseguir para fazer melhor. Assim como todo mundo. Assim como o meu professor.

E o meu professor, quando eu penso que eu ainda estou muito aquém do que eu poderia ter feito, olha nos meus olhos e diz que eu fui muito bem, que apesar de ter faltado na última semana, fiz bastante hoje. E mesmo assim, exige mais, porque sabe que uma hora eu vou conseguir fazer tudo.

E de pensar que eu já tinha desistido de começar por não saber. Ainda bem que há um mês eu comecei.


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