Quando a música abraça uma causa: solidariedade à flor da pele

Há cinco anos, no dia 12 de dezembro de 2012, um show em prol das vítimas do furacão Sandy cravou uma das maiores reuniões de astros e estrelas, sendo transmitido para TVs de mais de 70 países, mais internet e rádios

Guto Oliveira

Campo Grande - Terça, 12 De Dezembro De 2017 às 07h50

Concerto em Prol das Vítimas do Furacão Sandy: Um show memorável

Concerto em Prol das Vítimas do Furacão Sandy: Um show memorável

Toda situação deve ser olhada por todos os lados e, por mais que seja difícil, temos que ver quais lições podem nos trazer e, principalmente, o que de bom pode ser gerado através de uma tragédia. Há cinco anos, o furacão Sandy devastou a costa leste dos Estados Unidos e isto causou, além de comoção geral, um movimento que culminou em um concerto para levantar fundos, para ajudar na reconstrução das casas das famílias atingidas pelo fenômeno.

No dia 12 de dezembro de 2012, foi realizado um concerto conhecido como 121212 The Concert for Sandy Relief (O Concerto para as Vítimas de Sandy). Entre as áreas mais impactadas pelo furacão estavam cidades de Nova York e Nova Jersey.

Como em outras ocasiões, a música mostrou seu poder de mobilização e sua união, para fazer algo em torno da causa humanitária, transformando um evento em um bálsamo para aqueles que precisavam de ajuda na época.

O show contou com a participação de vários artistas, a lista traz nomes importantes da música mundial como Dave Grohl (Foo Fighters/Nirvana), Bon Jovi, Billy Joel, Alicia Keys, Chris Martin (ColdPlay), Rolling Stones, The Who, Kanye West, Sir Paul McCartney, Bruce Springsteen & E Street Band, Roger Waters (Pink Floyd) e Eddie Vedder (Pearl Jam).

O evento aconteceu no Madison Square Garden, em Nova York, e visava arrecadar fundos para a organização Robin Hood Relief Fund, que havia disponibilizado mais de US$ 8 milhões para grupos que apoiaram as vítimas do furacão, logo após a tragédia, fornecendo comida, água, cobertores e geradores para os moradores das cidades mais devastadas, como Red Hook, Coney Island e Rockaways, além das redondezas da região.

Belíssimas contribuições de todos os artistas presentes (confira o setlist do show no final da matéria), sem dúvida foi uma dessas fantásticas reuniões de medalhões da música internacional, mas uma, dentre todas as apresentações, chamou muita atenção para este que escreve, pela eterna paixão pelo Pink Floyd e seu mentor intelectual, mister Roger Waters, que dividiu os vocais de “Comfortably Numb” (registre-se aqui: a canção preferida dentre todas do vasto repertório floydiano) com outro astro internacional, Eddie Vedder. Muita emoção e competência na execução deste hino do Floyd.

Não, não estou sendo herege, sei que tinha muita, muita gente boa, mas tem coisas que a gente não explica. Ainda que Paul McCartney tenha trazido toda sua genialidade e vigor em “Helter Skelter”; que Mick Jagger tenha incendiado a plateia, botando fogo nos Stones (Stones on fire é só um xiste) com “Jumping Jack flash”; que Deus (também conhecido como Eric Clapton) tivesse posto sua magnitude em “Got to get better in a little while”; ainda que o show tenha sido aberto com Bruce Springsteen e sua E Street Band cantando “Land of hope and dreams” (terra de esperança e sonhos), sem falar que Springsteen ainda cantou “Born to run” com a participação de Bon Jovi; mesmo com todas estas apresentações sensacionais, comentários, discursos inflamados, o momento mais emocionante foi Waters/Vedder cantando juntos. Podem começar a tortura, eu mantenho meu depoimento: foi o melhor do show. 

O momento em que Waters chamou Eddie Vedder e soam os primeiros acordes de “Comfortably Numb”, toda referência é perdida, num lapso momentâneo de razão (ok, ok, apenas mais uma referência floydiana, confesso), para acreditar que ali estava o clímax do show. E, para mim, foi um momento mágico, atemporal. E não estou dizendo que a versão com Vedder tenha ficado superior à interpretação de Gilmour, o eterno guitarrista do Floyd, apenas estou enfatizando que é um dos melhores e mais significativos covers que já vi, à altura da obra do Pink Floyd, da música que mais aprecio em todo o universo, floydiano e fora dele.

O show teve cerca de 5 horas de duração, com introdução de um mini documentário da tragédia na costa leste americana, performances e as apresentações musicais, tudo com o objetivo de arrecadar doações para a organização Robin Hood. A apresentação principal ficou a cargo do showman Billy Crystal e teve participação de Jimmy Fallon, além de depoimentos de diversas celebridades, que inclusive atenderam as ligações para receber doações.

O público foi estimado em 13 mil pessoas presentes no Madison Square Garden e o show foi transmitido por 39 televisões americanas, mais de 20 internacionais, 25 websites e mais de 50 rádios. Algumas salas de cinema em Nova York e New Jersey também transmitiram o concerto. Não encontrei estimativa de quantas pessoas assistiram, mas com tudo isso de transmissão, certamente foi visto em praticamente todas as partes do nosso planeta.

O resultado deste movimento todo foi um show impecável, memorável não só pelas performances, mas por toda a carga de emoção que cercou o evento. Só pelo setlist (relação dos artistas e músicas apresentadas), dá para se ter ideia de como foi grandioso, por reunir ícones e verdadeiras lendas da música mundial, que emprestaram seus prestígios a favor da causa, para alavancar as doações e mesmo a participação das pessoas no show, que esgotou rapidamente os ingressos, tão logo quanto foram colocados à venda.

Um show que já marcou seu lugar na história da música.

The 12.12.12 Setlist

Bruce Springsteen and the E Street Band
• "Land of Hope and Dreams" • "Wrecking Ball" • "My City in Ruins" › "Jersey Girl" • "Born to Run" c/ Jon Bon Jovi

Roger Waters
• "Another Brick in the Wall" • "Money" • "Us and Them" • "Comfortably Numb" c/ Eddie Vedder

Adam Sandler c/ Paul Schaffer
• rewrite of "Hallelujah"

Bon Jovi
• "It's My Life" • "Wanted Dead or Alive" • "Who Says You Can't Go Home" c/ Bruce Springsteen • "Living on a Prayer"

Eric Clapton
• "Nobody Loves You When You're Down and Out" • "Got to get Better in a Little While" • "Crossroads"

Rolling Stones
• "You Got Me Rocking" • "Jumpin Jack Flash"

Alicia Keys
• "Brand New Me" • "No One"

The Who
• "Who are You" • "Bellboy" • "Pinball Wizard" › "See Me, Feel Me" • "Baba O'Riley" • "Tea & Theatre"

Kanye West
• "Clique" • "Mercy" • "Power" • "Jesus Walks" • "Run This Town" • "Diamonds From Sierra Leone" • "Touch the Sky" • "Gold Digger" • "Good Life" • "Runaway" • "Stronger"

Billy Joel
• "Miami 2017 (Seen the Lights Go Out on Broadway)" • "Movin' Out (Anthony's Song)" • "Have Yourself a Merry Little Christmas" • "New York State of Mind" • "River of Dreams" • "You May Be Right" "Only the Good Die Young"

Chris Martin
• "Viva la Vida" • "Losing My Religion" c/ Michael Stipe • "Us Against The World"

Paul McCartney
• "Helter Skelter" • "Let Me Roll It" • "Nineteen Hundred and Eighty Five" • "My Valentine" c/ Diana Krall • "Blackbird" • "Cut Me Some Slack" c/ Dave Grohl, Krist Novoselic e Pat Smear • "I Got a Feeling" • "Live and Let Die"

Alicia Keys
• "Empire State of Mind"

Fonte: Internet

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