por Misha Gibson, fâ de Turma da Mônica
Terça, 02 De Julho De 2019 ás 06:00
Sonho realizado
Este fim de semana eu realizei um sonho. Um sonho que eu nem sabia que tinha. Mas, quando o filme Turma da Mônica - Laços começou no cinema, não consegui segurar as lágrimas. Ver as minhas personagens de infância na telona, em carne e osso e voz e forma, foi muito impactante. Alguma coisa fez um estalo na minha cabeça. Aquelas crianças na tela representavam uma infância que eu queria para mim - e também para o meu pequeno. Uma turminha, uma baguncinha e aventuras sem fim. Então, notei que eu estava realizando um sonho de fazer parte daquilo tudo, de vivenciar o que é ter essa inocência e essa candura traduzida em amizade.
Talvez, só talvez, eu tenha gostado mais do filme que o pequeno. Com certeza, o filme significou mais para mim do que para ele, Mesmo assim, ele curtiu da maneira dele. Achou graça das piadas que não têm maldade nenhuma e percebeu as diferenças dos gibis para o filme. Tenho certeza de que o pequeno também se viu lá nas telas, sendo retratado como um Cebolinha com cabelo e ideias sem fim.
As participações são mais do que especiais no filme. Um cameo inenarrável e impagável me fez crer que o espírito nunca envelhece. (E aqui não vou dizer mais pois spoilers não são bem-vindos.) Uma outra participação especial de Rodrigo Santoro como o Louco ficou absurdamente bem encaixada e de um brilhantismo incrível do diretor. A história dos quadrinhos era curta para a tela grande, mas a loucura foi bem aproveitada para trazer leveza e uma faísca de lucidez (ou elucidação do mote?) para a história toda. Ponto para o diretor.
Vale também destacar o ponto forte da história: nenhuma amizade é plana. Para que floresça, cada um deve ceder um pouquinho. Ô, liçãozinha difícil! Ponto para os autores da história.
Veja que a construção do enredo é típica dos gibis. O malvado foi incorporado pelo ator de uma forma quase surreal. E os pais das crianças eram facilmente identificados até mesmo quando os seus nomes não foram pronunciados. Ponto para a produção e para o elenco.
Mais do que filme, ver a sala do cinema cheia no nosso cenário atual e pensar em como isso é uma recompensa para o esforço das pessoas envolvidas foi também de emocionar. O cinema brasileiro - quiçá a cultura brasileira moderna - carecia e merecia um bom filme da Turma da Mônica. As risadas sinceras das crianças, até mesmo o burburinho de algumas cenas, desta vez não me incomodaram, muito pelo contrário, me deixaram até muito satisfeita. Saber que ainda existe espaço para a leveza e pelo que é inocente me fez bem ao coração.
Vá ao cinema, independente da sua idade. Prestigie o cinema brasileiro - pelo menos o bom cinema. O nivelamento da cultura depende do que cada um de nós consome.
E, para finalizar, fico com a fala de uma das minhas personagens favoritas de todos os tempos....
O normal é muito chato. O que é a loucura?
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