O tempo

por Misha Gibson, que gosta de contar o tempo

171 Todo Dia

Terça, 14 De Março De 2017 ás 14:11

Ultimamente tenho pensado muito no tempo. Como ele corre depressa! Faz 10 anos que o meu pequeno é o meu pequeno. Dia desses ele ainda estava no colo... Faz 20 anos da minha formatura. 20 anos! Como isso é possível? Eu conheci aquelas pessoas, dei risada com elas e matei aula no corredor da universidade ontem!

A gente não percebe como o tempo passa, a gente só vê quando passou. Tão batido isso, né? Mas eu tenho que me justificar quando eu paro para pensar quando perguntam a minha idade. Ao contrário de muita gente, eu não tive uma crise ao completar 40 anos. Eu tive a crise ao completar 25. Aos 25, os 40 anos estavam logo ali, ao alcance das mãos. Aos 40, aceitei a idade , embora não sinta que a tenha. A não ser, é claro, quando tenho que dormir tarde e acordar cedo. Nunca fui muito boa nisso, mas agora a idade pesa, fico mal o dia todo. Mas, pensando pelo lado bom, a idade me fez ver que o meu sono, a minha cama e o meu travesseiro são mais importantes do que fingir que a noite não me seduz.

No fim de semana encontrei amigos queridos da época da universidade. E eu posso dizer, com alegria, que não tivemos um pingo de nostalgia, mas muita alegria de nos reencontrar. Falamos muito do presente, das coisas novas, das pequenas alegrias que a idade nos trouxe e não de como a nossa época juntos foi feliz ou como éramos felizes. Rimos como se fôssemos despreocupadamente estudantes de um tempo atemporal.

É interessante notar como as pessoas são afetadas pelo tempo. Tem gente que sabe envelhecer. Tenho amigos que ficaram mais apetitosos com a idade. E conheço outras pessoas que se deixaram levar pelos anos e se acabaram com eles. Acho que a gente tem de tentar se manter com o espírito fresco, ansioso e ávido por mais. Pelo menos isso eu reconheço nas pessoas que parecem ser incólumes ao passar dos anos.

Eu tento fazer a minha parte, o lance do Muay Thai é bem por isso. Fazendo aulas, eu tenho muitas vantagens: eu faço bem para o meu corpo - ganhando mais coordenação, alguns músculos, afiando a mente, e perco peso; eu faço amigos - porque as pessoas sempre me dão aquela força para completar a rotina e eu fico grata por isso; e eu mudo a minha perspectiva de que a vida sedentária era mais completa e interessante.

Uma coisa não muda com o tempo: a arte. A beleza da arte é imortal. Estou escrevendo este texto enquanto escuto música. Ao reconhecer The Doors tocando na rádio, meu coração se enche de alegria. Eu sei, arte é uma coisa subjetiva, a beleza também. Além de gostar da intensidade e do psicodelismo da música, ela me lembra a pessoa que me fez gostar ainda mais do grupo. Essa pessoa é um ano mais nova que eu e me fez gostar mais uma banda que teve seu fim 5 anos antes de eu ter nascido. E o poder do som dessa banda ainda reverbera em mim como na primeira vez que escutei os acordes do Manzarec e a voz potente do Morrisson.

Ainda este ano vai acontecer uma festa de comemoração aos 20 anos da minha turma de faculdade. Espero que o encontro seja marcado de porvires e não apenas melancolia de uma época que passou. Aliás, que nossa vida toda seja assim, marcada com esperança no que virá e espanto do quanto caminhamos.


171 Todo Dia

Três amigos se revezando, a cada semana, para mostrar o cotidiano de um jeito absolutamente normal.

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